terça-feira, 31 de março de 2009

Pensamentos sobre a informação



A transmissão de conhecimento é intrínseca à evolução da humanidade em diversos aspectos, do ambiente prático ao científico. Desde o surgimento da humanidade, os meios como as informações são transmitidas entre os seres humanos evoluiu em forma, em quantidade e em velocidade, principalmente. Pode-se perceber essa transformação analisando os métodos utilizados através da história, como os gestos, as escrituras em pedras, as grafias em papel, o jornal, o telégrafo, o rádio, a televisão e a internet.

Nos primórdios desse desenvolvimento, poucas pessoas eram suficientemente instruídas ao nível de poderem ler e produzir textos com conteúdos significantes, dado que esses ensinamentos eram geralmente transmitidos em instituições religiosas (vide a idade medieval), pois havia uma grande concentração de intelectuais e o ingresso nesses locais era permitido apenas aos aristocratas. Dessa maneira, criou-se um isolamento do conhecimento escrito e, como esses manuscritos eram produzidos por entidades religiosas, vistas pelo povo como máximas da verdade, houve também a crença de que tudo que era escrito era fundamentalmente uma verdade.

Esse tipo ideal foi gerado a partir desse decorrer histórico e também por causalidades sociológicas, as quais não permitiram um desenvolvimento homogêneo da educação e da capacidade de compreensão dos meios de comunicação. Esse processo levou a uma grande influência das teorias religiosas sobre a população em geral, caracterizando toda a Idade Média.

Apesar da evolução dos meios de comunicação ter possibilitado uma maior transmissão de informação entre as pessoas e uma retenção de conhecimento para as gerações futuras, o tipo ideal do homem se manteve ao longo dos séculos. O evento principal é: uma pessoa ao ler um texto informativo em qualquer tipo de fonte, pensa que o autor, ao escrevê-lo, não omitiu ou adulterou alguma informação para convencer ou adulterar a opinião do leitor, pois há uma causalidade histórica que faz com que o homem tenda a pensar que qualquer escritor é nutrido de informações verdadeiras e possui uma base teórica consolidada para a escrita de textos.

Desse modo, cria-se uma grande nuvem de poluição comunicativa que é agravada pela popularização dos sistemas de transmissão de informação, como a internet e a televisão, que pode trazer ao leitor despreparado, uma bagagem de conhecimento que para o senso comum está correta, entretanto para o estudante analítico pode conter erros.

Há um movimento de retrocesso nos novos meios de comunicação que agregariam valor à humanidade, mas que são inibidos por um longo processo histórico e por uma política de investimento na educação que se mostrou falha. Então, criou-se um ambiente em que há abundância de informação, todavia nem toda ela é relevante e, portanto, os cidadãos menos instruídos estarão expostos a uma grande assimetria de informações.

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quarta-feira, 25 de março de 2009

Uma breve introdução ao tráfico de drogas



As favelas brasileiras tiveram seu início em processos históricos que levaram grandes contingentes de pessoas a uma situação de poucos recursos financeiros. Pode-se citar o fim do período escravagista, que fez com que os ex-escravos saíssem dos seus antigos “trabalhos” para buscar novas oportunidades na cidade, a fim de conseguir um melhor padrão de vida. Entretanto, os negros libertos ainda não tinham moradias e acesso às terras, forçando-os a se mover para regiões desvalorizadas e com nenhuma infra-estrutura habitacional, pois, em geral, não desejavam voltar a realizar trabalhos para seus antigos “donos”. Essa corrida aos “morros” foi intensificada em função de políticas sociais que não foram implementadas na época e que geraram, com o tempo, uma agravação da má distribuição de renda entre as diversas classes da economia brasileira.

As falhas deixadas pelo governo no sistema social, como a falta de assistência às classes mais pobres, aliadas ao surgimento de um comércio ilegal de drogas criou um ambiente propício a instauração de um regime de governo paralelo nas favelas. Alguns moradores dessas comunidades viram na comercialização de drogas uma oportunidade para aumentar seu padrão de vida, pois havia uma demanda por parte de um setor da população por tóxicos e, com a entrada de novos produtos ilegais no Brasil, a renda obtida com esse comércio seria muito superior a que se poderia com o trabalho honesto.

Percebe-se que há um valor influenciando fortemente as decisões de um agente econômico, o consumismo imposto pelo modo de vida capitalista. A fim de se obter um padrão de vida que dificilmente se conseguiria com o trabalho honesto, em função das causalidades históricas e sociológicas que levaram a esse ambiente em que há uma grande disparidade econômica entre as diferentes classes, o cidadão utiliza meios ilícitos para conseguir comprar um tênis da Nike ou uma camiseta da Toulon.

Criou-se um ambiente que é auto-sustentado por diversas falhas no sistema econômico que não estão sendo corrigidas pela ação do governo, pois os investimentos em educação e na criação de novos empregos não suprem e isolam os habitantes do tráfico de drogas. Em um local em que se dá pouco valor a vida, devido à exposição à violência e a perspectiva de que não é possível evoluir economicamente, as ofertas feitas pelos traficantes aos moradores é tentadora, pois o montante que o tráfico pode pagar é muito maior do que um trabalho honesto paga. Além disso, esses criminosos representam para a comunidade um símbolo de transformação, pois são cidadãos na mesma situação de qualquer outro favelado, mas que conseguiram alterar seu padrão de vida.

Os cidadãos que consomem drogas não desejam parar de utilizá-las, mas também não querem que haja violência em seus bairros. Dessa maneira a polícia é colocada em uma situação controversa, porque não pode fazer seu trabalho de maneira completa e eficiente, pois tem que proteger os consumidores de drogas e têm que manter os traficantes longe da cidade.

Essa é a situação que se encontra na maioria das favelas do Brasil, uma situação controversa gerada pela compra de drogas por parte dos habitantes de fora das favelas que sustenta o confronto entre traficantes e policiais, e faz com que o papel social do governo nessas áreas seja substituído pela ação do criminoso.


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terça-feira, 24 de março de 2009