
Vive-se no fim do ano de 2008 e no ano de 2009 um evento internacional, uma crise econômica de âmbito global, que teve influências desastrosas no PIB das principais economias, diminuindo drasticamente a quantidade de comércio e consumo no mundo. Entretanto, o Brasil, país em desenvolvimento, não sofreu tanto quanto outras nações já desenvolvidas, segundo projeção do Banco Central do Brasil, que prevê crescimento de 2% do produto ao longo do ano. Pode-se então analisar a situação econômica do país da América latina através de ferramentas sociológicas.
Esse evento mundial causou a diminuição da renda de diversas famílias, em função das altas taxas de desemprego, porém, como todo ser humano age racionalmente, segundo a teoria de Jon Elster, cria-se um mecanismo, pois todas as pessoas, mesmo as desempregadas, têm necessidades básicas que as levam ao consumo. Além disso, sabe-se que as diferentes classes sociais possuem necessidades variadas, segundo revista Exame*¹, o que fez com que alguns setores da economia tivessem um crescimento acentuado em meio à crise, como os de supermercado e hipermercado. Há um fato, que é a necessidade de se alimentar, por exemplo, e buscando suprir esse desejo a pessoa decide através de um mecanismo racional qual escolha fazer, se deve ir ao banco e captar um empréstimo ou pedir dinheiro para um familiar.
Outro aspecto da economia brasileira nesse cenário é o institucional, pois segundo a teoria institucional de Douglas North, o crescimento econômico de um país é fortemente influenciado pela qualidade das instituições da nação. Uma das organizações fundamentais para o desenvolvimento econômico é o Banco Central, já que é quem controla as movimentações de juros que influenciam diretamente na inflação da moeda e, por conseqüência, na capacidade de consumo da população. Através do processo histórico de formação do Brasil (diversos períodos de incerteza política e alta da taxa de inflação) e da interação dos governos mais recentes com essa instituição (através da não influência do poder do presidente da república sobre o cargo de presidente do banco central, pois há uma relação de vínculo empregatício), formou-se uma organização precavida com relação a situações de crise. Esse fator influenciou as conseqüências da crise no país, pois a incerteza da população foi reduzida na medida em que havia uma instituição forte para assuntos econômicos.
No âmbito internacional, relaciona-se a formação do espírito capitalista com o custo de transformação da sociedade citado por D. North, pois a crise de 2008/09 evidencia aspectos da teoria econômica e do próprio desenvolvimento da economia que são conflitantes, segundo análises de sustentabilidade que demonstram que o consumo dos recursos naturais é insustentável a longo prazo (como a apresentada pelo professor Pedro Jacobi*² da Universidade de São Paulo). Cita-se o modelo de consumo insustentável que se desenvolveu e que deveria ser mudado, segundo as discussões realizadas no Fórum Social Mundial de 2009*³, mas que envolve custos de transação, já que seria necessário transformar os valores da população através de uma mudança na constituição ou com a criação de uma nova tecnologia, segundo North. Pode-se lembrar da teoria econômica de livre concorrência, a qual foi abalada pela crise em função da postura dos bancos em respeito à análise de crédito, e, com os pacotes contra a crise que deverão reformular essa postura, haverá também esse processo de transformação da cultura.
Com as ferramentas desenvolvidas por Douglas North e por Jon Elster, pôde-se analisar alguns fatores que circundam a principal crise econômica do século XXI e entendê-los de maneira científica.
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